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sábado, 30 de março de 2013

A LÍNGUA SEGUNDO SAUSSURE

“A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica” (Saussure, 1975). Para Saussure “é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase de evolução” (SAUSSURE, 1995, p.96). Por língua entende-se um conjunto de elementos que podem ser estudados simultaneamente, tanto na associação paradigmática como na sintagmática. Por solidariedade objetiva-se dizer que um elemento depende do outro para ser formado. Para Ferdinand Saussure a linguagem é social e individual; psíquica; psico- fisiológica e física. Portanto, a fusão de Língua e Fala. Para ele, a Língua é definida como a parte social da linguagem e que só um indivíduo não é capaz de mudá-la. O linguista afirma que “a língua é um sistema supra-individual utilizado como meio de comunicação entre os membros de uma comunidade”, portanto “a língua corresponde à parte essencial da linguagem e o indivíduo, sozinho, não pode criar nem modificar a língua” (COSTA, 2008, p.116). A Fala é a parte individual da Linguagem que é formada por um ato individual de caráter infinito. Para Saussure é um “ato individual de vontade e inteligência” (SAUSSURE, 1995, p.22). Língua e Fala se relacionam no fato da Fala ser a condição de ocorrência da Língua. O signo lingüístico resulta de uma convenção entre os membros de uma determinada comunidade para determinar significado e significante. Portanto, se um som existe dentro de uma língua ele passa a ter significado, algo que não aconteceria se ele fosse somente um som em si. Então, “afirmar que o signo lingüístico é arbitrário, como fez Saussure, significa reconhecer que não existe uma reação necessária, natural, entre a sua imagem acústica (seu significante) e o sentido a que ela nos remete (seu significante).” (COSTA, 2008, p.119). O sintagma é a combinação de palavras que podem ser associadas, portanto, as palavras podem ser comparadas ao paradigma. “No discurso, os termos estabelecem entre si, em virtude de seu encadeamento, relações baseadas no caráter linear da língua, que exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Estes se alinham um após outro na cadeia da fala. Tais combinações, que se apóiam na extensão, podem ser chamadas de sintagmas.” (SAUSSURE, 1995, p.142) As relações paradigmáticas se caracterizam pela associação entre um termo de um contexto sintático. Por exemplo, gato e gado. Quando se juntam as partes paradigmáticas, ocorre o sintagma. Em geral, “as línguas apresentam relações paradigmáticas ou associativas que dizem respeito à associação mental que se dá entre a unidade lingüística que ocupa um determinado contexto (uma determinada posição na frase) e todas as outras unidades ausentes que, por pertencerem à mesma classe daquela que está presente poderiam substituí-la nesse mesmo contexto.” (COSTA, 2008, p.121) É importante ressaltar que sintagmas e paradigmas seguem a regra da língua para que essa relação associativa ocorra. Portanto, “as relações paradigmáticas manifestam-se como relações in absentia, pois caracterizam a associação entre um termo que está presente em um determinado contexto sintático com outros que estão ausentes desse contexto, mas que são importantes para a sua caracterização em termos opositivos.” (COSTA, 2008, p.121) Conclui-se que, “as relações sintagmáticas e as relações paradigmáticas ocorrem concomitantemente.” (COSTA, 2008, p.122) No livro Curso de lingüística geral, Saussure afirma que “a lingüística tem por único e verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma e por si mesma”, assim, esta é fundamental para que possamos compreender os postulados de Saussure. A afirmativa Saussureana explícita que a lingüística se preocupa exclusivamente com o estudo da língua por ela ser um sistema de regras e organizações utilizadas por uma determinada comunidade para a comunicação e compreensão entre si. Para Saussure, “a lingüística seria um ramo da semiologia, apresentando um caráter mais específico em função de seu particular interesse pela linguagem verbal.” (MARTELOTTA, 2008, p.23) Para o lingüista suíço, a lingüística pretende “fazer a descrição e a história de todas as línguas que puder abranger, o que quer dizer: fazer a história das famílias de línguas e reconstituir, na medida do possível, as línguas-mães de cada família; procurar as forças que estão em jogo, de modo permanente e universal, em todas as línguas e deduzir as leis gerais às quais se possam referir todos os fenômenos peculiares da histórias; delimitar-se e definir-se a si própria.” (SAUSSURE, 1995, p.13) Cada língua apresenta uma estrutura específica e esta estruturação é evidenciada a partir de três níveis: o fonológico, o morfológico e o sintático, que constituem uma hierarquia com o fonológico na base e o sintático no topo. Portanto, cada unidade é definida em função de sua posição estrutural, de acordo com os elementos que a precedem e que a seguem na construção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, M.A. Estruturalismo. In: MARTELOTTA, M.E. (Org.) et al. Manual de Lingüística. São Paulo: Contexto, 2008. SAUSSURE, F. Curso de Lingüística Geral. Trad. De Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 1995. Por: Miriã Lira

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